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Sexta-feira, 25 de Abril de 2008

O marasmo da felicidade

O que eu vou dizer não tem nenhum fundamento científico. Parte da minha especulação e é por isso puro senso comum. E a minha representação de problema alcançada da minha experiência.
Entendo por problema uma situação que me obriga a uma escolha. Há situações que não me oferecem dúvidas mas outras há que me deixam vacilante por desconhecer até que ponto a alternativa é melhor.
Por exemplo, olho para a montra de uma loja num centro comercial e gosto da blusa que está no manequim que é dois números abaixo do meu.
Surge o problema: será que há uma blusa para o meu tamanho?
A menina diz que sim. Óptimo. Problema resolvido. A menina traz-me uma blusa verde e outra vermelha. Novo problema. São as duas engraçadas mas só posso levar uma. Opto pela verde sempre a pensar na vermelha. A mesma obsessão teria se escolhesse a vermelha.
 
Olho para o relógio. É cedo e não me apetece ir para casa. Ainda tenho tempo para ver um filme e passo pelo cinema.
Novo problema: dois filmes me agradam mas não sou ubíqua. Que maçada! A ubiquidade é que me dava jeito para algumas coisas.
Bom! Lá me decido pela comédia romântica. Problema resolvido. Quando me sento, atrás de mim comem pipocas. O som ensurdecedor abafa o diálogo do filme. Que alternativa?
 
Vivemos a vida toda com problemas para resolver. Temos sempre um problema entre mãos. Isto é, quando resolvemos um problema, logo a seguir temos outro para testar a nossa paciência.
Por isso aconselho: deixem-se estar com o vosso primeiro problema. Deste modo, o segundo não aparece.
Afinal, quem é que nos garante que o problema que vem a seguir é mais suave? É provável que nem haja problemas suaves e problemas difíceis. O que os torna mais isto  ou menos aquilo é a nossa disposição física e mental no momento para lidar com o assunto.
Os problemas são precisos, dirão alguns de vós, servem para dar cor à vida.
Claro que sim. É que se não tivéssemos problemas para resolver viveríamos num perfeito marasmo da felicidade.
 
Leonoreta

publicado por leonoreta às 21:09

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Sexta-feira, 18 de Abril de 2008

É bom tomar café

Numa das muitas vezes em que o corpo docente toma café na sala dos professores, meti-me na conversa de duas colegas minhas como é defeito do meu à vontade.
 
Falava-se de história de Portugal.
- Inês de Castro é a minha personagem histórica preferida. A história dela é a parte mais bonita da nossa história – disse uma colega.
Arrematei à queima - roupa.
- Mas isso foi tudo inventado por Camões. De facto o amor de Dom Pedro e Dona Inês não foi assim tão romântico. 
 
Vi o espanto no seu estado puro nos olhos da minha colega.
- Não acredito! – disse ela, esperançada que eu dissesse que eu estava a mentir.
- É verdade! Camões estudou em Coimbra. Namorou muito na Fonte das Lágrimas. Tinha imaginação, sabedoria, e deu um toque de ficção à história. Penso que foi muito bem conseguido. Depois o povo adoptou o romance dos dois monarcas como verdade e passou-o à realidade mas não passa de uma lenda.
 
- Não acredito! – continuava ela, ouvindo-me desconfiada.
 
 
- É verdade. Nas Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano, um grande historiador, muito honesto...tão honesto que foi excomungado pela Igreja por dizer que João das Regras falseou a subida ao trono de João I na crise da sucessão de 1385, Dom João que era um dos bastardos nascido de uma outra relação de Dom Pedro com outra mulher ao mesmo tempo que namorava Dona Inês… não se encontra nada relativo à veracidade dos factos dos dois amantes. – eu falava depressa, olhando-a na sua incredulidade, divertindo-me a provocar o fanico.
Provoquei uma ruptura de conhecimento. É bom tomar café com as colegas. 

 

 


 Leonoreta

publicado por leonoreta às 20:10

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Sexta-feira, 11 de Abril de 2008

Tudo é uma coisa

Até ao natal andaram a gaguejar com o pa pe pi po pu, com o ta, te ti to tu. Mas à medida que iam aprendendo mais letras, as palavras nasciam na ponta do lápis de carvão que é afiado mais de uma centena de vezes por dia. A venda de lápis de carvão deve ser o negócio mais rentável de uma papelaria.
 
Quando chegaram à Páscoa, já sabiam ler quase tudo.
Escrevo um texto no quadro e eles passam para o caderno, para treinarem a caligrafia e  uma visão orientada no espaço.
 
Então e uma ficha já feita em vez de passar no quadro?
Não. Isso é estragar papel, temos de poupar a natureza, e é desperdiçar as potencialidades dos meninos em fazerem eles próprios.
 
Escrevo o texto no quadro e antes deles começarem a passá-lo para o caderno, lemos e exploramos cada palavra na busca de significados.
 
- O que é uma caneca?
- É uma coisa para beber chá ou água.
 
-O que é uma banana?
- É uma coisa para comer.
 
- O que é um pássaro?
- É uma coisa que faz piu piu.
 
- Ah, já percebi. Tudo é uma coisa. Então, o que é uma coisa? - perguntei-lhes eu.
 
Silêncio. Algumas mentes já deviam estar a pensar que a palavra coisa era muito generalizável e estavam à espera da minha resposta.
 
- Uma coisa é uma coisa que é uma coisa?
 
Começaram a rir.
Leonoreta

publicado por leonoreta às 21:11

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Sexta-feira, 4 de Abril de 2008

Quem é esse Freud?

Tenho a mania dos parágrafos grandes. Perdão. Tinha.
Eco, tirou-me as peneiras quando a páginas tantas de Como Se Faz Uma Tese, me diz:
- Olhe, não escreva à Proust com parágrafos que nunca mais acabam. Use orações simples: sujeito, predicado e ponto final.
 
Detive-me a olhar para o professor, a reflectir naquilo que me estava a dizer.
 
- Já não estou a perceber nada. Ficaste a olhar para ele? Mas tu conheces o homem? – perguntou-me uma colega quando comentei o facto com ela. Nem respondi.
 
Quando abro um livro raramente o leio. Gentilmente, as frases feitas de palavras ou as palavras feitas de letras se antropomorfizam na minha frente. O autor ou a autora tomam forma humana.
 
Vai daí, meti mãos à obra. Revi o meu trabalho ou, como diz a minha orientadora “o nosso estudo”, de uma ponta à outra à outra. Ora bem, feitas as contas… setenta páginas… mais dez pontos finais em cada uma… deu um acrescento de setecentos pontos finais.
 
- Professor, veja bem o medo que já me incutiu.
- À laia de Freud, isso que se manifesta em si não é medo, é mais um complexo de Édipo latente na sua escrita. – disse-me o Umberto.
- Ah! Não me diga professor. E já agora quem é esse Freud de quem eu nunca ouvi falar dele.
 
Leonoreta

publicado por leonoreta às 20:13

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