Sexta-feira, 14 de Setembro de 2007
Desde sempre que vivo com um fantasma. Quando eu era pequena pensava que ele me queria apanhar e levar-me para o mundo dele. Andava sempre atrás de mim envolto naquele nevoeiro frio que me gelava os ossos por estar sempre tão perto. Eu dormia de luz acesa para não lhe perceber a sombra; de cabeça tapada para ele não me ver e de porta aberta para poder fugir se ele me agarrasse. De manhã, quando acordava, verificava se ele tinha mexido nas minhas bonecas.
Contudo, ele nunca me fez mal. Passados tantos anos ainda continua comigo. Já não anda sempre atrás de mim como antigamente mas nunca se afasta totalmente. A sua presença é mais constante quando se aproxima a noite e a sua névoa ainda me esfria o corpo. De manhã, quando acordo vejo que mexeu nos meus livros. Por vezes, deixa alguns caídos no tapete abertos nalgumas páginas a fim de me chamar a atenção para algumas palavras.
Hoje pouco dormi. Acordei a meio da noite e com ele vagueei de mãos dadas às escuras pelo quarto até de manhã. Nunca falamos mas eu sei o que ele pensa e o que espera de mim. Levei algum tempo para percebê-lo. Ele usa-me para escrever. Hoje quis que eu escrevesse sobre ele.
Leonoreta
De somentebia a 14 de Setembro de 2007 às 15:48
Acredito que todos nós temos um 'fantasma' que sempre nos acompanha. Se o tememos, se tentamos ignorá-lo, se o rechassamos para o fundo do armário, deixamos de descobrir o seu papel junto de nós. Se o acatamos, passamos a vê-lo como um amigo, alguém que sempre estará nos orientando de uma forma ou outra, alguém com quem podemos contar, nos abrir, buscar conselhos.
Vai depender sempre de nós mesmos: termos um 'fantasminha camarada' ou um assustador espectro que há de sempre atrapalhar a nossa vida.
Assim como tu, fiz a opção de trazer o meu fantasma para junto de mim.
Adorei tua postagem, amiga! Como sempre, nos orientando no sentido de uma conscientização maior de nós mesmos.
Deixo-te pétalas de mimosas flores para enfeitar teu final de semana, um beijo no coração, e o desejo de dias lindos na tua vida.
De
alexiaa a 14 de Setembro de 2007 às 21:18
Já que não os podes vencer…junta-te a eles!
Eu não tenho fantasmas assim, os que tenho usam-me duma forma nefasta porque ás noites em que me atormentam segue-se dias em que martirizo ou outros!
Se calhar sou eu que não possuo ainda a magica necessária para reverter esta situação…
Beijinho
De
António a 15 de Setembro de 2007 às 13:05
Querida Leonor!
Uma reflexão metafórica sobre o subconsciente e o inconsciente.
O teu gosto pela psicologia quasi que te leva para uma parapsicologia fantasmagónica...eh eh.
Um bom texto!
Beijinhos
De
heretico a 16 de Setembro de 2007 às 21:42
fantasma? não será antes o anjo da guarda?
seja quem for, escreves muito bem.
De
dumb a 16 de Setembro de 2007 às 21:52
Podes chamar-lhe o que quiseres... Deve ser para esse tal fantasma que falo quando não tenho ninguém ao lado.
De pedro alex a 17 de Setembro de 2007 às 10:46
Buuuuuuu!.....
Assustei-te?
…
Um dos meus prazeres seria passar uma noite num castelo nas highlands, exorcizar os meus fantasmas e permitir que outros me possuíssem.
Para já não posso, resta-me a monotonia de conviver com os meus, chatos, manipuladores e embirrentos.
O teu fantasma parece-me tolerável, tem um toque clássico, romântico também, nada afectado pelo hiper-realismo. Aproveita-o.
Bj
De Lusitana a 20 de Setembro de 2007 às 00:23
O Fantasma... é do medo? É ele que nos leva a escrever, é a insegurança que sentimos que nos leva a chamar a atenção para as coisas mais importantes?
Sou tão nova que não devo ter a mente tão aberta as estas coisas, comos adultos. Falo como uma jovem de 16 anos (q é a minha tenra idade)... Concerteza que não tenho capacidade para entender na íntegra estes textos... mas confesso: dou o meu melhor :)
beijinho *
De somentebia a 22 de Setembro de 2007 às 15:14
Não encontrando nova postagem, deixo-te pétalas, beijos, e votos de um alegre, festivo, ensolarado e florido final de semana junto aos teus.
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