Sexta-feira, 18 de Janeiro de 2008
De um segundo para o outro, o céu ficou mais cinzento e ela apressou o passo quando sentiu os primeiros pingos de chuva a molharem-lhe o rosto.
Atravessou descuidadamente a passadeira sem se preocupar com o trânsito e entrou de rompante na pastelaria. Chocou à entrada com uma senhora que ia a sair e pediu desculpa. Sentou-se numa mesa vaga ao acaso, respirando fundo a fim de acalmar as palpitações cardíacas.
O empregado de mesa aproximou-se e ela pediu um chá de limão que a sua constipação pedia urgentemente.
Enquanto se dispunha a esperar pelo pedido começou a observar quem estava na pastelaria. Foi quando reparou nele, sentado mesmo na frente dela. De perna traçada, cotovelo apoiado na mesa, fumava cachimbo olhando a rua imerso nos seus pensamentos.
O empregado trouxe-lhe o chá e ela tomou-o em pequenos goles. Beba muito chá, disse-lhe o médico.
Falo-lhe? Pensou ela. Ele podia não se lembrar dela ou fazer que não se lembrava e ela iria ficar embaraçada. Restava-lhe pedir desculpa pelo engano e pelo incómodo.
Ela olhou para a rua. Já tinha parado de chover. Entretanto, já tinha acabado de tomar o seu chá. Chamou o empregado e pagou a despesa. Levantou-se, ajeitou a mala no ombro e passou por ele sem olhá-lo.
- Continuas a deixar a iniciativa para os outros? - perguntou ele.
Ela sorriu. Ousadamente sentou-se na mesa dele sem ser convidada.
- Temia que não me reconhecesses. – disse ela.
- Impossível.
Conversaram o resto da tarde.
Leonoreta
De
heretico a 19 de Janeiro de 2008 às 19:43
esperemos que conversa bem "produtiva". e já agora em local ainda mais acolhedor...
De
António a 20 de Janeiro de 2008 às 09:26
Um reencontro, querida Leonor!
Muitas vezes são tão importantes...
Beijinhos
De
Yuri a 20 de Janeiro de 2008 às 20:58
Encontros e reencontros na roda da vida...
Fez-me crescer água na boca, como se costuma dizer. ;D
Vamos saber o que conversaram? O que têm em comum? O que perderam? O que ganharam?
beijinho e boa semana
De
lena a 21 de Janeiro de 2008 às 20:22
querida Leonor, doce amguinha
já não sei onde te ler, se aqui ou ali. bem mas sempre vou trilhando caminhos e acabo por te encontrar. sabe bem ler-te e este "fragmentos dela, dele e as vezes dos outros" tem algo de especial. o reencontro.
é bom reencontrarmos alguém que há muito não vemos, alguém que nos diz algo
a chuva, o chá de limão e a presença de um ele. escreves tão bem que os consegui sentir ali ao lado na mesa do café...
abraço-te muito, com carinho, abraço-te com força para te sentir
beijo meu
lena
De pedro alex a 23 de Janeiro de 2008 às 18:44
Pois Leonor, sei lá eu mais o que te diga?
Estes teus fragmentos remexem-me, dá-me vontade de ir neles, segui-los incondicionalmente para o que desse e viesse, tomá-los de assalto e terminá-los à minha maneira.
Lê-los, resulta numa experiência que perdura.
bj
De
heretico a 24 de Janeiro de 2008 às 21:59
beijos
Querida Leonor
Talvez devesses publicar as tuas short stories.
Ena! Já viste as horas? Contigo o tempo passa e o teu cheiro levarei comigo.
Um beijo
Daniel
De
sophiamar a 27 de Janeiro de 2008 às 09:27
Mais um post que se lê de um trago , da primeira à última palavra.Uma escrita fluente, um tema do quotidiano tratado com o afecto que nos faz reler. Um reencontro que é/foi muito mais do que isso. O coração palpitou e a minha memória recuou no tempo.
Foi bom!
Beijinhosssss
De
alexiaa a 29 de Janeiro de 2008 às 12:45
As vezes fico “zangada” contigo…estava tão bom de ler e pimba, o fim que não termina porque a minha imaginação pega no que leu e anda imenso tempo a divagar:)
Porque seria impossivel não a reconhecer?
Enfim…beijos!
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