Tudo o que eu escrevo é de improviso. Um improviso pensado.

.posts recentes

. Cessar hostilidades

. Fragmentos dela, dele e à...

.arquivos

. Agosto 2009

. Junho 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Janeiro 2009

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

Em destaque no SAPO Blogs
pub

Sexta-feira, 28 de Dezembro de 2007

Cessar hostilidades

Ontem, enquanto esperava pelo sono já deitada na minha cama, pensei numa introdução muito bonita para começar este post. Como não a apontei, esqueci-me. Bem me dizia o professor Carrola: Escreve. Escreve tudo porque a nossa memória é selectiva.

A nossa memória só lembra do que ela quer, e ainda por cima, algumas vezes ou a maior parte das vezes, lembra-se quando não queremos lembrar.

Quando me deparo com uma pessoa interessante, tenha ela a idade que tiver, colo-me a ela. Exploro-a no sentido de satisfazer a minha curiosidade intelectual, de lhe achar afinidades que joguem com as minhas numa procura de “ah, afinal ainda há gente que é do meu clube”.

Falava com a Maria, sei lá a propósito de quê, quando descobri que ela também lia e, obviamente, gostava de ler.

- Conheces Mário Bennedetti? – perguntou-me ela.

- Não.

- Tens que ler “A trégua”.

 

Ah! Já me lembro do que falávamos, eu e a Maria: de rotinas.

 

Ganhei o hábito de ler emprestado. Acho os livros caros. Mas não é por isso que eu não gosto de pagar por eles. Os meus amigos gostam de me emprestar livros. E eu habituei-me a não comprá-los. Quando mos emprestam é como se mos dessem e quando os olho arrumados nas prateleiras da minha estante lembro-me de cada um deles, consoante o livro em questão: a Fernanda, a Maria, a Isabel, o Gordo. É uma mania que implica a companhia presente quando ela não está ou não se faz, pela distância de ritmos diferentes impostos pela vida.

 

- Eu trago-te o livro. Tens de o ler. – disse-me ela.

 

Desconfiei do apelido do autor. Desconfiei da capa. Apenas o título me induziu a experimentar a visão da primeira página. O diário de um homem que está a pouco tempo da reforma, que tem um trabalho fastidioso onde os números imperam. A relação dele com os seus dias, com as pessoas que moram e trabalham com ele. Um diário simpático, melancólico, mas bem humorado, de alguém que desejaria outra coisa para si mas que não foi possível.

 

De alguma forma vejo-me nos defeitos e nas qualidades do narrador tal é o modo como ele escreve para chegar-se a mim.

 

A trégua, cessação temporária de um destino obscuro em que deus se dispõe dar um pouco de felicidade ao narrador para depois fazê-lo continuar  num destino ainda mais obscuro que o anterior.

 

Quantas tréguas me deus este ano? Assim de repente… a memória falha.

Ofereceram-me neste natal uma agenda muito bonita rosa e amarela de um plástico macio e brilhante que apetece trincar. apontarei nela, desde o primeiro dia do ano, as suspensões temporárias de hostilidades, os instantes de alívio que eu mereço.

Leonoreta


publicado por leonoreta às 18:46

link do post | comentar | ver comentários (8) | favorito

Sexta-feira, 31 de Agosto de 2007

Fragmentos dela, dele e às vezes dos outros (4)

Em primeiro lugar quero agradecer à Lusitana ter-me inserido na sua corrente da amizade e pelas palavras bonitas com que indiciou estes Improvisos.

Lusitana, eu não faço a escolha de blogs devida porque não conseguiria dormir se deixasse algum de fora.

---------------------------------------------------

Sempre que ela entrava naquele espaço branco a paz que ela desejava invadia-lhe os sentidos.

  

Poucos móveis. Apenas os necessários. Poucos objectos. Quase nenhuns. Não eram precisos. Ela gostava assim. O silêncio da privacidade de quatro paredes.

 

As cortinas transparentes, ora deixavam passar os raios de sol quando os dias eram claros ora o cinza deslavado dos dias nublados. Em frente, o rio corria sempre na mesma direcção. Às vezes frenético, às  vezes  calmo, levando sempre consigo destroços de madeira. Naquele dia ele abriu as portas da varanda e juntos no varandim apreciaram aquelas águas meio lamacentas.

- Gostei do que  escreveste.- disse ela.

- Gostaste? Escrevi para ti.

 

Naquele espaço branco tudo era calmo e bom.

 

Leonoreta

 


publicado por leonoreta às 14:36

link do post | comentar | ver comentários (8) | favorito

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Agosto 2009

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

16
17
18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


.tags

. todas as tags

.links

blogs SAPO

.subscrever feeds