Numa das muitas vezes em que o corpo docente toma café na sala dos professores, meti-me na conversa de duas colegas minhas como é defeito do meu à vontade.
Falava-se de história de Portugal.
- Inês de Castro é a minha personagem histórica preferida. A história dela é a parte mais bonita da nossa história – disse uma colega.
Arrematei à queima - roupa.
- Mas isso foi tudo inventado por Camões. De facto o amor de Dom Pedro e Dona Inês não foi assim tão romântico.
Vi o espanto no seu estado puro nos olhos da minha colega.
- Não acredito! – disse ela, esperançada que eu dissesse que eu estava a mentir.
- É verdade! Camões estudou em Coimbra. Namorou muito na Fonte das Lágrimas. Tinha imaginação, sabedoria, e deu um toque de ficção à história. Penso que foi muito bem conseguido. Depois o povo adoptou o romance dos dois monarcas como verdade e passou-o à realidade mas não passa de uma lenda.
- Não acredito! – continuava ela, ouvindo-me desconfiada.
- É verdade. Nas Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano, um grande historiador, muito honesto...tão honesto que foi excomungado pela Igreja por dizer que João das Regras falseou a subida ao trono de João I na crise da sucessão de 1385, Dom João que era um dos bastardos nascido de uma outra relação de Dom Pedro com outra mulher ao mesmo tempo que namorava Dona Inês… não se encontra nada relativo à veracidade dos factos dos dois amantes. – eu falava depressa, olhando-a na sua incredulidade, divertindo-me a provocar o fanico.
Provoquei uma ruptura de conhecimento. É bom tomar café com as colegas.
Leonoreta