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Sexta-feira, 24 de Agosto de 2007

À volta do nosso eu

Há uma pessoa que me conhece como a palma da sua mão. É a Fernanda. Ela sabe o meu interesse por algumas coisas e a minha indiferença por outras,  a minha maneira de me entregar e a minha maneira de desistir.

 

Vi a Fernanda pela primeira vez no liceu quando passei para o 9º ano (antigo 5º do curso geral). Partilhávamos os mesmos amigos mas não nos falávamos. De certo modo, a Fernanda afastava as raparigas por ser bonita e roubar namorados. Muito mais alta do que eu, o seu ar celta de cabelos claros contrastava com o meu ar de moura, de cabelos escuros.

 

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Sempre tive a mania de chegar sempre cedo. Porém, cheguei atrasada no meu primeiro dia de aulas de Setembro de 1976. Já conhecia o liceu e descobrir a sala foi fácil. Com quinze anos não batia às portas. Abri-as simplesmente na minha atitude mais selvagem. E quando abri a porta vi uma sala cheia de gente pela qual eu não morria de amores e cujo lugar vago era ao lado da Fernanda. Nessa turma estava também o homem que viria a casar comigo.

 

Foi por acaso que ao fim de alguns dias – muitos – começámos a falar, descobrindo que até nos dávamos bem, apesar de nunca termos simpatizado uma com a outra ate então. Íamos ao cinema, à praia, jogávamos crapot. A Fernanda foi madrinha do meu casamento e madrinha dos meus filhos quando  fizeram a promessa de  lobitos nos escuteiros. Ela nunca casou.

 

Quando eu pensei que os meus filhos já não precisavam tanto  de mim voltei aos bancos da escola e fui para a universidade. Nesse tempo, a Fernanda mudou-se para o Algarve. Já não a vejo há doze anos. Uma vez por ano eu felicito-a pelo aniversário e um mês depois ela felicita-me a mim até ao ano seguinte.

 

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Recentemente, num seminário de psicologia fizemos um jogo. Num círculo púnhamos “eu”. E à volta do nosso “eu” várias rodas em vários círculos em duas, três, quatro filas. A primeira fila pertencia às pessoas que estão perto de nós. A segunda e as restantes às que já não estão. Teríamos de rodear as pessoas que já não estão perto de nós e que  queríamos telefonar ou ver.

 

Telefonar, telefonar… não. Mas ver…sim. E desenhei vários círculos no nome da Fernanda.

Leonoreta

 


publicado por leonoreta às 14:10

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